13 junho 2013

Retratos de Pesquisas



Os saberesfazeres socioambientais das práticas do Congo do bairro Barra do Jucu e os atravessamentos com as redes cotidianas escolares e em, outros contextos de aprendizagem

Ana Paula Dias Pazzaglini Roldi
Mestranda UFES/PPGE

O mágico e místico balneário da Barra do Jucu, Vila Velha-ES, abriga múltiplas redes de relações culturanatureza, inserido em um ambiente atravessado pelo ecossistema manguezal, abriga o Parque Natural Municipal de Jacarenema, e tem o congo como símbolo e referência local.

Diante destas redes, este projeto acompanhará os atravessamentos do congo com os cotidianos da escolacomunidade da Barra do Jucu, as práticas e os saberesfazeres socioambientais potencializados por ele, entendendo as culturas como local de autofazimento com/pelas/nas relações, e essas relações como potência para práticas da Educação Ambiental.

Esta pesquisa se dará pelo viés da Educação Ambiental (EA) pós-colonial, menos utilitarista da natureza, que se inscreve nos espaçostempos dos saberes e práticas culturais cotidianas da comunidade local, em uma relação mutualística culturanatureza.

Se dará no contexto metodológico da pesquisa com os cotidianos, por meio das produções narrativas e das conversas com/pelo/entre os sujeitos praticantes.

As perguntas que emergiram para meu direcionamento foram: Quais são os saberes socioambientais das práticas do congo da Barra do Jucu? Qual a influência do congo no sentimento identitário dos alunos pela região onde estão inseridos? Como esses sentimentos produzirão sentidos em relação ao seu ambiente de inserção, e de que forma isso influenciará na preservação desses ecossistemas?

A intensão não é responder e estas perguntas, mas usá-las como dispositivo para acompanhar os atravessamentos  entre EA e o congo a partir das práticas discursivas, e trabalhar  a produção de sentidos nos cotidianos.





Educação Ambiental entre Carnavais dos Amores com os Mascarados do Congo de Roda D’Água

Andréia Teixeira Ramos
Mestre em Educação UFES/PPGE/CAPES

Esta pesquisa convida aos encontros e deslocamentos com movimentos de uma pesquisa em Educação Ambiental (EA), com inspirações na pesquisa cartográfica e com as redes de conversações cotidianas. O objetivo foi cartografar e problematizar, na atualidade, saberesfazeres socioambientais das artes de fazer e narrar a produção do Mascarado do Congo de Roda D’água, personagem secular do município de Cariacica, e os atravessamentos com os cotidianos escolares e outros espaços de convivências.

Nossa aposta é pensar a EA autopoiética com os estudos de Humberto Maturana, “desmascarando” pistas que desloquem nossas experiências humanas e coletivas, no linguajear, potencializando dimensões éticas, políticas e estéticas com os movimentos do conversar e de sustentabilizar enquanto ação.

Apostamos na EA autopoiética que acontece nas invenções de si e dos mundos com a produção dos Mascarados do Congo. As invenções das experiências cotidianas dessa produção cultural emergem num campo de tensões, conflitos e negociações em redes de conversações, criando relações de coletividade, solidariedade e de aceitação do outro, como legítimo outro junto a nós, na amorosidade.

Nas inventividades cotidianas foi nosso desejo acompanhar os processos da produção dos Mascarados do Congo, por meio dos fluxos, encontros, narrativas, conversas, linhas, formas, forças, entrando nas travessias e deixando-nos atravessar por elas.





Educação Ambiental nas Travessias, Aventuras e Paixões das Experiências-Sentidos de Professores/as com o Local

Denize Mezadri de Almeida
Mestre em Educação UFES/PPGE

Este estudo objetiva problematizar a formação de professores/as em Educação Ambiental tecidas na rede de sentidos docentes propiciada nas experiências com o meio ambiente de Piúma-ES, oriundos das escolas públicas EMEF “Lacerda de Aguiar” e EEEFM “Professora Filomena Quitiba”. Com essa aposta, esta pesquisa qualitativa ancora-se nas narrativas em uma proposta metodológica de etnografia na perspectiva da etnopesquisa, resultantes dos encontros de planejamento de área nas escolas. Além disso, mapeamos experiências realizadas por professoras dos anos iniciais do ensino fundamental, através das conversações, registros no diário de campo, fotos e gravações. Nesses mesmos espaçostempos e motivados pela questão: que sentido(s) você atribui às experiências com o meio piumense? - os/as professores/as narravam suas experiências e, ao final nomeavam o sentido maior destas experiências. Tais narrativas e problematizações atravessam as redes de saberes da Educação Ambiental, a ecologia de saberes e o pensamento complexo nas abordagens das experiências-sentidos com o local, para as provocações de formação e de Educação Ambiental. Ao narrar e nomear o sentido das experiências nos espaços de convivência, cada professor/a diz o que faz, o que passa, tecendo nas invenções, interrelações, visões, surpresas, prazeres, dentre outras palavras-sentidos, como sustentabilidades sensíveis de saberesfazeres socioambientais na formação docente e na Educação Ambiental.





Sustentabilidade e Educação Ambiental: processos culturais em comunidade

Fernanda Freitas Rezende Rodrigues
Mestre em Educação UFES/PPGE

A pesquisa acompanhou os processos das Paneleiras de Goiabeiras e os movimentos das professoras junto a crianças de dois Centros Municipais de Educação Infantil de Vitória.

Buscou perceber como os saberesfazeres dessa comunidade, com suas tradições, conhecimentos e experiências próprias tecem as redes com as escolas e estabelecem uma relação com a sustentabilidade.

As orientações teórico-metodológicas deste trabalho estão fundamentadas no uso da cartografia nos estudos de Gilles Deleuze, Felix Guattari e Virginia Kastrup, além da produção de narrativas e nos pressupostos da Educação Ambiental. Os saberes, aliados aos movimentos e intensividades do plano da pesquisa, modificam a ideia de uma escola sustentável potencializando escolas com práticas de sustentabilidade.




BIORREGIÃO DO CAPARAÓ CAPIXABA E SEUS SUJEITOS PRATICANTES E ENGAJADOS

Flávia Nascimento Ribeiro
Doutora em Educação UFES/PPGE

Essas imagens-narrativas revelam minhas itinerâncias de pesquisa na biorregião do Caparaó Capixaba desde 2005.

Então, num processo de acompanhamento e de vivências, as emergências das ações socioambientais na região do Caparaó foram como uma espécie de ponto inicial para se pensar na constituição dessa biorregião. Isso foi percebido por meio da Educação Ambiental, como um campo possibilidades de trabalho coletivo e participativo.

Além disso, no Caparaó Capixaba nos deparamos com pessoas engajadas que trazem às suas experiências de vida, o inconformismo, a vontade, a sensibilização/ação e a transformação de si próprios, do seu grupo e o do meio em que está inserido. Esse sujeito que, denominados de engajado, tem o desejo de conduzir algo para a formação de outras pessoas, ou seja, de ser o educador e o educando a todo momento. Para isso, esse sujeito, além de ter ideias de um mundo “ideal para se viver”, possui uma energia canalizada para a causa socioambiental em que é tocado.

Dialogar/conviver/conhecer esses sujeitos engajados nas ações socioambientais foi, ao mesmo tempo, um desafio e uma alegria que valeu a pena, pois presenciei, em todos esses anos, as necessidades e potencialidades na formação desses sujeitos como da Educação Ambiental na biorregião.





O tempo e o lugar do ambiental no Sítio dos Crioulos – Jerônimo Monteiro/E.S.

Gilfredo Carrasco Maulin
Doutorando UFES/PPGE/FAPES

Este é um trabalho que refletirá a experiência cotidiana de uma comunidade quilombola que fica ao sul do Estado do E.S., retratando em imagens e texto as inúmeras temporalidades e espaços que compõem o ambiental em tradução com seus saberes e fazeres: o lúdico, a roça e o sagrado.

O Sítio dos Crioulos possibilita pensarmos na radicalização e anunciação das práticas sociais e culturais como sinônimos da realização do ambiental, como narrativas que denotam estórias que emergem dos silenciamentos da modernidade disciplinante e instrumental que reduziu as comunidades ditas tradicionais à conformação de conhecimentos não-científicos dotados de irracionalidades.

Portanto, esta pesquisa busca traduzir de que forma é possível pensar uma educação ambiental de dentro pra fora, onde a relação pesquisador-pesquisado se estabelece como ponto de aproximação e conflito das dinâmicas socioculturais estabelecidas neste encontro.




Narrativas da Umbanda e Educação Ambiental

Katia Gonçalves Castor          
Doutoranda UFES/PPGE

A pesquisa investiga como a tradição da Umbanda é silenciada pelo discurso da modernidade. Busca compreender o modo de viver dos umbandistas em diálogo com a Educação Ambiental. Contrapõe-se a Educação Ambiental instrumental, que não considera o saber do Outro. Busca compreender a Gira, seu principal ritual, identificando as diferentes interpretações dos sujeitos na apropriação dessa experiência e na relação indissociável entre Natureza e Cultura.

IMPRESSÕES DE UM TERREIRO
O lugar impressiona pela beleza. Simples e rodeado de árvores, plantas e sombras sorridentes. A arquitetura do terreiro é redonda. A madeira que torneia o telhado é aparente, cruzadas umas nas outras, formando um lindo mosaico. Ao redor, nas paredes brancas, se assentam reinantes, as imagens de Xangô, de Iemanjá, de São Jorge ao lado de Oxóssi, e de Cosme e Damião. No centro, acima do Conga, impera Oxalá no ambiente. Na entrada, uma mandala de adereços feita de pedras, velas coloridas, conchas, pétalas brancas e flores silvestres, conferem ao lugar o sagrado. O incenso se apresenta na entrada, para purificar todos que adentram no ambiente. O cheiro de benjoim e alecrim, contagia e saboreia o espírito. Os cânticos se firmam durante a Gira, ininterruptamente. É gira dos Pretos-velhos, é festa para povo de Aruanda.



Educação Ambiental numa Simbiose com a Tradição e a História Local na Formação de Professores

Márcia Moreira de Araújo
Doutoranda UFES/PPGE

Pesquisa de Mestrado realizada no período de 2009 a 2010. A pesquisa teve em seu foco de análise, localizar os docentes egressos da Escola de Pesca de Piúma (fato ocorrido devido ao fechamento da escola no período da pesquisa, dando lugar ao IFES da Pesca-ES) e investigar de que forma a Educação Ambiental vem sendo tecida no cotidiano dos fazeres desses docentes  denominados de sujeitos autopoiéticos, por fazerem-se e refazerem-se, adaptando-se às novas realidades assumidas, conceitos que emergiram de uma aproximação com as leituras de Maturana, Morin e Boaventura.

No encontro com a história local e a relação com as potencialidades ambientais e uma interdependência com a comunidade, as metodologias da história oral e etnoecologia se fizeram presentes para entendimento desse universo composto pelo imaginário, a cultura, a história e toda gama de relações estabelecidas nesse contrato de convivência/sobrevivência da sociedade local.

Nas narrativas dos docentes encontramos o encanto, a decepção, o orgulho, a amargura e outros sentidos produzidos pela experiência de ter trabalhado/formado/experienciado numa escola “diferente” das demais em termos de currículo, práticas e formação, uma vez que a Escola de Pesca destinava-se a formação do jovem pescador, que pretendiam exercer o ofício de seus pais.

Mergulhando na história, encontramos sujeitos que fizeram parte da integração e instalação dessa escola na comunidade e através desses, legitimamos parte da história que encontramos.

Redes tecidas e vividas foram e ainda estão vigentes não só na memória, mas nos saberes e fazeres de quem torna-se engajado na educação pelas vivências de seu processo formador.





Narrativas de professoras reencantadas pela Educação Ambiental: rede tecida no/com o cotidiano

Nadja Valéria dos Santos Ferreira
Doutora em Educação UFES/PPGE

O que faz a estrada? É o sonho.
Enquanto a gente sonhar, a estrada permanecerá viva.
É para isso que servem os caminhos,
Para nos fazerem parentes do futuro.
Mia Couto

O profundo engajamento das professoras levou-as à produção de práticas socioambientais, facilitado pelas características da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que tem como pressuposto partir do conhecimento prévio do/a educando/a –, fato por elas potencializado na medida em que, efetivamente, se assumiram como professoras-aprendizes no trabalho coletivo que procuravam realizar e na relação cotidiana com seus/suas estudantes.

O casal da foto se tornou emblemático na história na EJA da Escola Municipal Santo Amaro pela relação estabelecida com a escola e por sua história de vida partilhada com todos, com suas nuances e contradições. 

Antigamente, nesta época do ano não era assim. Quando chegava à tardinha, neste pé de serra, ficava tão fresquinho que a gente tinha que se agasalhar.
O senhor Paulo completou:
Agora vai ficar muito pior com aquela obra grande que está acabando com a mata lá em Xerém. Toda hora tem animal morto nas estradinhas (gambá, preá,...).
Senhor José (aluno da EJA)





Um Desafio de Produção de Existência: Sustentabilidades Praticadas nas Escolas de Dificílimo Acesso
Patrícia Baroni
Doutoranda UFES/PPGE

O lugar desta pesquisa é o município de Duque de Caxias - um dos mais importantes da Baixada Fluminense, RJ - com uma rede composta por cento e setenta escolas municipais até a presente data. Destas, quarenta e quatro escolas foram classificadas como sendo unidades de “difícil acesso” e onze foram definidas como escolas de “dificílimo acesso”. 

O foco desta pesquisa se situa exatamente no estudo das astúcias e táticas tecidas cotidianamente no interior dessas onze unidades escolares de “dificílimo acesso”, considerando já, pela nomenclatura da classificação pertinente, que a visibilidade das práticas destas escolas também é de dificílimo acesso. Procuro, portanto, através destas fotos, conduzir o espectador a um mergulho nas especificidades desses espaçostempos. Acreditando que a invisibilidade do que é realizado nesses espaços compõe a visibilidade da rede, é que acredito na potência de que este trabalho possa desinvisibilizar práticas tão peculiares e, ao mesmo tempo, tão legítimas de emancipação.




A Dimensão Ambiental na Educação: Os Usos e suas Traduções na Produção do Cotidiano Escolar
Rosinei Ronconi Vieiras
Mestre em Educação pela UFES/PPGE

“Nossas ideias sobre as coisas constroem as coisas”
Marisa Vorraber Costa

No cotidiano de uma escola existe uma infinidade de práticas cotidianas tecidas numa rede de múltiplos espaços/tempos, ambientalmente comprometidas, porém, nem sempre visibilizadas e reconhecidas.

A pesquisa, realizada numa escola pública de Colatina, município a noroeste do ES, procurou problematizar as práticas cotidianas em educação ambiental comprometidas com a aprendizagem e com a sustentabilidade/vida que são realizadas pelos sujeitos que tecem/produzem o cotidiano em que estão inseridos. Ao longo do percurso, provocados por outros movimentos, ocorre à necessidade de problematizar os processos de formação e as racionalidades que os envolvem. No processo de produção dos dados e inseridos com os sujeitos em seu cotidiano, percebe-se a realização de uma tradução se configurando num espaço multifacetado, em que diferentes saberes e fazeres se entrecruzam e, muitas vezes, são canibalizados.




Educações Ambientais Autopoiéticas entre Manguezais, Redes Cotidianas Escolares e Práticas Pesqueiras

Soler Gonzalez
Doutorando UFES/PPGE

Os mundos da lama dos manguezais da Baía de Vitória (ES) dá o tom desta pesquisa, com inspirações cartográficas com os cotidianos e por meio das narrativas que foram “pescadas” nas redes de conversações nos entre-lugares da Educação Ambiental (EA) nas escolas e no Bairro da Ilha das Caieiras.

O desejo foi de navegar à montante das correntezas-forças que tentam afogar a multiplicidade, o místico e a arte da vida de quem vive com as marés. Percorrer os caminhos e afluentes no caos da lama com os habitantes desses mundos e os sujeitos praticantes nas margens, deslocou experiências possíveis, constituindo assim, em dispositivos para cartografar e problematizar as práticas em EA, os acontecimentos ambientais e os cotidianos escolares ao redor do Bairro Ilha das Caieiras, cujo “calor cultural” é alimentado pelas Semanas Santas e os Turismos Gastronômicos em áreas de manguezais, e que são, na atualidade, espaços de controle e de vida, principalmente para os habitantes dos mundos da lama. A aposta aqui perpassa pelas Educações Ambientais autopoiéticas, dialogando com as ideias de Humberto Maturana como inspiração ética-estética, com os enlaces da pesquisa narrativa com as conversas, num movimento de sustentabilizar e problematizar relações e experiências entre os seres vivos e os sujeitos praticantes nas margens.

Como a sabedoria do caos dos mundos da lama na Baia Noroeste de Vitória constitui os sujeitos que vivem nas suas margens? Como as práticas do bairro Ilha das Caieiras acontecem na atualidade? São questões em movimento que acompanhei no vai-e-vem turbulento e diário das marés e com os acontecimentos ambientais.









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