Os saberesfazeres
socioambientais das práticas do Congo do bairro Barra do Jucu e os
atravessamentos com as redes cotidianas escolares e em, outros contextos de
aprendizagem
Ana Paula Dias Pazzaglini Roldi
Mestranda
UFES/PPGE
O mágico e místico balneário da Barra do Jucu, Vila
Velha-ES, abriga múltiplas redes de relações culturanatureza, inserido em um
ambiente atravessado pelo ecossistema manguezal, abriga o Parque Natural
Municipal de Jacarenema, e tem o congo como símbolo e referência local.
Diante destas redes, este projeto acompanhará os
atravessamentos do congo com os cotidianos da escolacomunidade da Barra do Jucu, as práticas e os saberesfazeres
socioambientais potencializados por ele, entendendo as culturas como local de
autofazimento com/pelas/nas relações, e essas relações como potência para
práticas da Educação Ambiental.
Esta pesquisa se dará pelo viés da Educação
Ambiental (EA) pós-colonial, menos utilitarista da natureza, que se inscreve
nos espaçostempos dos saberes e
práticas culturais cotidianas da comunidade local, em uma relação mutualística culturanatureza.
Se dará no contexto metodológico da pesquisa com os
cotidianos, por meio das produções
narrativas e das conversas
com/pelo/entre os sujeitos praticantes.
As perguntas que emergiram para meu direcionamento
foram: Quais são os saberes socioambientais das práticas do congo da Barra do
Jucu? Qual a influência do congo no sentimento identitário dos alunos pela
região onde estão inseridos? Como esses sentimentos produzirão sentidos em
relação ao seu ambiente de inserção, e de que forma isso influenciará na
preservação desses ecossistemas?
A intensão não é responder e estas perguntas, mas usá-las
como dispositivo para acompanhar os atravessamentos entre EA e o congo a partir das práticas
discursivas, e trabalhar a produção de
sentidos nos cotidianos.
Educação
Ambiental entre Carnavais dos Amores com os Mascarados do Congo de Roda D’Água
Andréia Teixeira Ramos
Mestre em Educação
UFES/PPGE/CAPES
Esta
pesquisa convida aos encontros e deslocamentos com movimentos de uma pesquisa
em Educação Ambiental (EA), com inspirações na pesquisa cartográfica e com as redes de
conversações cotidianas. O
objetivo foi cartografar e problematizar, na atualidade, saberesfazeres
socioambientais das artes de fazer e
narrar a produção do Mascarado do Congo de Roda D’água, personagem
secular do município de Cariacica, e os atravessamentos com os cotidianos
escolares e outros espaços de convivências.
Nossa
aposta é pensar a EA autopoiética com os estudos de Humberto Maturana, “desmascarando”
pistas que desloquem nossas experiências humanas e coletivas, no linguajear,
potencializando dimensões éticas, políticas e estéticas com os movimentos
do conversar e de sustentabilizar enquanto ação.
Apostamos
na EA autopoiética que acontece nas invenções de si e dos mundos com a produção
dos Mascarados do Congo. As invenções das experiências cotidianas dessa
produção cultural emergem num campo de tensões, conflitos e negociações em
redes de conversações, criando relações de coletividade, solidariedade e de
aceitação do outro, como legítimo outro junto a nós, na amorosidade.
Nas inventividades
cotidianas foi nosso desejo acompanhar os processos da produção dos Mascarados
do Congo, por meio dos fluxos, encontros, narrativas, conversas, linhas,
formas, forças, entrando nas travessias e deixando-nos atravessar por elas.
Educação Ambiental nas Travessias, Aventuras e
Paixões das Experiências-Sentidos de Professores/as com o Local
Denize Mezadri de Almeida
Mestre em Educação
UFES/PPGE
Este estudo
objetiva problematizar a formação de professores/as em Educação Ambiental tecidas
na rede de sentidos docentes propiciada nas experiências com o meio ambiente de
Piúma-ES, oriundos das escolas públicas EMEF “Lacerda de Aguiar” e EEEFM
“Professora Filomena Quitiba”. Com essa aposta, esta pesquisa
qualitativa ancora-se nas narrativas em uma proposta metodológica de etnografia
na perspectiva da etnopesquisa, resultantes dos encontros de planejamento de
área nas escolas. Além disso, mapeamos experiências realizadas por professoras
dos anos iniciais do ensino fundamental, através das conversações, registros no
diário de campo, fotos e gravações. Nesses mesmos espaçostempos e motivados pela questão: que sentido(s) você atribui
às experiências com o meio piumense? - os/as professores/as narravam suas
experiências e, ao final nomeavam o sentido maior destas experiências. Tais
narrativas e problematizações atravessam as redes de saberes da Educação
Ambiental, a ecologia de saberes e o pensamento complexo nas abordagens das
experiências-sentidos com o local, para as provocações de formação e de
Educação Ambiental. Ao narrar e nomear o sentido das experiências nos espaços
de convivência, cada professor/a diz o que faz, o que passa, tecendo nas
invenções, interrelações, visões, surpresas, prazeres, dentre outras
palavras-sentidos, como sustentabilidades sensíveis de saberesfazeres socioambientais na formação docente e na Educação
Ambiental.
Sustentabilidade e Educação
Ambiental: processos culturais em comunidade
Fernanda Freitas Rezende Rodrigues
Mestre em Educação UFES/PPGE
A pesquisa acompanhou os processos das Paneleiras de Goiabeiras e os movimentos das professoras junto a
crianças de dois Centros Municipais de Educação Infantil de Vitória.
Buscou perceber como os
saberesfazeres dessa comunidade, com suas tradições, conhecimentos e
experiências próprias tecem as redes com as escolas e estabelecem uma relação
com a sustentabilidade.
As orientações teórico-metodológicas deste trabalho estão fundamentadas
no uso da cartografia nos estudos de Gilles Deleuze, Felix Guattari e Virginia
Kastrup, além da produção de narrativas e nos pressupostos da Educação
Ambiental. Os saberes, aliados aos movimentos e
intensividades do plano da pesquisa, modificam a ideia de uma escola
sustentável potencializando escolas com práticas de sustentabilidade.
BIORREGIÃO DO CAPARAÓ CAPIXABA E SEUS SUJEITOS
PRATICANTES E ENGAJADOS
Flávia Nascimento Ribeiro
Doutora
em Educação UFES/PPGE
Essas imagens-narrativas
revelam minhas itinerâncias de pesquisa na biorregião do Caparaó Capixaba desde
2005.
Então, num processo de
acompanhamento e de vivências, as emergências das ações socioambientais na
região do Caparaó foram como uma espécie de ponto inicial para se pensar na constituição
dessa biorregião. Isso foi percebido por meio da Educação Ambiental, como um
campo possibilidades de trabalho coletivo e participativo.
Além disso, no Caparaó
Capixaba nos deparamos com pessoas engajadas que trazem às suas experiências de vida, o inconformismo,
a vontade, a sensibilização/ação e a transformação de si próprios, do seu grupo
e o do meio em que está inserido. Esse sujeito que, denominados de engajado,
tem o desejo de conduzir algo para a formação de outras pessoas, ou seja, de
ser o educador e o educando a todo momento. Para isso, esse sujeito, além de
ter ideias de um mundo “ideal para se viver”, possui uma energia canalizada
para a causa socioambiental em que é tocado.
Dialogar/conviver/conhecer
esses sujeitos engajados nas ações socioambientais foi, ao mesmo tempo, um
desafio e uma alegria que valeu a pena, pois presenciei, em todos esses anos, as
necessidades e potencialidades na formação desses sujeitos como da Educação
Ambiental na biorregião.
O tempo
e o lugar do ambiental no Sítio dos Crioulos – Jerônimo Monteiro/E.S.
Gilfredo Carrasco Maulin
Doutorando UFES/PPGE/FAPES
Este é um trabalho
que refletirá a experiência cotidiana de uma comunidade quilombola que fica ao
sul do Estado do E.S., retratando em imagens e texto as inúmeras temporalidades
e espaços que compõem o ambiental em tradução com seus saberes e fazeres: o lúdico,
a roça e o sagrado.
O Sítio dos Crioulos
possibilita pensarmos na radicalização e anunciação das práticas sociais e
culturais como sinônimos da realização do ambiental, como narrativas que
denotam estórias que emergem dos silenciamentos da modernidade disciplinante e
instrumental que reduziu as comunidades ditas tradicionais à conformação de
conhecimentos não-científicos dotados de irracionalidades.
Portanto, esta
pesquisa busca traduzir de que forma é possível pensar uma educação ambiental
de dentro pra fora, onde a relação pesquisador-pesquisado se estabelece como
ponto de aproximação e conflito das dinâmicas socioculturais estabelecidas neste
encontro.
Narrativas da Umbanda e Educação
Ambiental
Katia Gonçalves Castor
Doutoranda UFES/PPGE
A pesquisa investiga como a tradição da Umbanda é silenciada pelo
discurso da modernidade. Busca compreender o modo de viver dos umbandistas em
diálogo com a Educação Ambiental. Contrapõe-se a Educação Ambiental
instrumental, que não considera o saber do Outro. Busca compreender a Gira, seu
principal ritual, identificando as diferentes interpretações dos sujeitos na
apropriação dessa experiência e na relação indissociável entre Natureza e
Cultura.
IMPRESSÕES DE UM TERREIRO
O lugar impressiona pela beleza. Simples e rodeado de árvores, plantas e
sombras sorridentes. A arquitetura do terreiro é redonda. A madeira que torneia
o telhado é aparente, cruzadas umas nas outras, formando um lindo mosaico. Ao
redor, nas paredes brancas, se assentam reinantes, as imagens de Xangô, de
Iemanjá, de São Jorge ao lado de Oxóssi, e de Cosme e Damião. No centro, acima
do Conga, impera Oxalá no ambiente. Na entrada, uma mandala de adereços feita
de pedras, velas coloridas, conchas, pétalas brancas e flores silvestres, conferem
ao lugar o sagrado. O incenso se apresenta na entrada, para purificar todos que
adentram no ambiente. O cheiro de benjoim e alecrim, contagia e saboreia o
espírito. Os cânticos se firmam durante a Gira, ininterruptamente. É gira dos
Pretos-velhos, é festa para povo de Aruanda.
Educação Ambiental numa Simbiose com a Tradição e a História Local na
Formação de Professores
Márcia Moreira de Araújo
Doutoranda UFES/PPGE
Pesquisa de Mestrado realizada no período de 2009 a
2010. A pesquisa teve em seu foco de análise, localizar os docentes egressos da
Escola de Pesca de Piúma (fato ocorrido devido ao fechamento da escola no
período da pesquisa, dando lugar ao IFES da Pesca-ES) e investigar de que forma
a Educação Ambiental vem sendo tecida no cotidiano dos fazeres desses
docentes denominados de sujeitos autopoiéticos, por fazerem-se e
refazerem-se, adaptando-se às novas realidades assumidas, conceitos que
emergiram de uma aproximação com as leituras de Maturana, Morin e Boaventura.
No encontro com a história local e a relação com as
potencialidades ambientais e uma interdependência com a comunidade, as
metodologias da história oral e etnoecologia se fizeram presentes para
entendimento desse universo composto pelo imaginário, a cultura, a história e
toda gama de relações estabelecidas nesse contrato de convivência/sobrevivência
da sociedade local.
Nas narrativas dos docentes encontramos o encanto,
a decepção, o orgulho, a amargura e outros sentidos produzidos pela experiência
de ter trabalhado/formado/experienciado numa escola “diferente” das demais em
termos de currículo, práticas e formação, uma vez que a Escola de Pesca
destinava-se a formação do jovem pescador, que pretendiam exercer o ofício de
seus pais.
Mergulhando na história, encontramos sujeitos que
fizeram parte da integração e instalação dessa escola na comunidade e através
desses, legitimamos parte da história que encontramos.
Redes tecidas e vividas foram e ainda estão
vigentes não só na memória, mas nos saberes e fazeres de quem torna-se engajado
na educação pelas vivências de seu processo formador.
Narrativas de professoras
reencantadas pela Educação Ambiental: rede tecida no/com o cotidiano
Nadja Valéria dos Santos
Ferreira
Doutora em Educação UFES/PPGE
O que
faz a estrada? É o sonho.
Enquanto
a gente sonhar, a estrada permanecerá viva.
É para
isso que servem os caminhos,
Para
nos fazerem parentes do futuro.
Mia Couto
O profundo engajamento das professoras levou-as à produção de práticas
socioambientais, facilitado pelas características da Educação de Jovens e
Adultos (EJA), que tem como pressuposto partir do conhecimento prévio do/a
educando/a –, fato por elas potencializado na medida em que, efetivamente, se
assumiram como professoras-aprendizes no trabalho coletivo que procuravam
realizar e na relação cotidiana com seus/suas estudantes.
O casal da foto se tornou emblemático na
história na EJA da Escola Municipal Santo Amaro pela relação estabelecida com a
escola e por sua história de vida partilhada com todos, com suas nuances e
contradições.
Antigamente,
nesta época do ano não era assim. Quando chegava à tardinha, neste pé de serra,
ficava tão fresquinho que a gente tinha que se agasalhar.
O senhor
Paulo completou:
Agora vai
ficar muito pior com aquela obra grande que está acabando com a mata lá em
Xerém. Toda hora tem animal morto nas estradinhas (gambá, preá,...).
Senhor José (aluno da EJA)
Um Desafio de Produção de Existência:
Sustentabilidades Praticadas nas Escolas de Dificílimo Acesso
Patrícia Baroni
Doutoranda UFES/PPGE
O lugar desta pesquisa é o
município de Duque de Caxias - um dos mais importantes da Baixada Fluminense,
RJ - com uma rede composta por cento e setenta escolas municipais até a
presente data. Destas, quarenta e quatro escolas foram classificadas como sendo
unidades de “difícil acesso” e onze foram definidas como escolas de “dificílimo
acesso”.
O foco desta pesquisa se situa
exatamente no estudo das astúcias e táticas tecidas cotidianamente no interior
dessas onze unidades escolares de “dificílimo acesso”, considerando já, pela
nomenclatura da classificação pertinente, que a visibilidade das práticas
destas escolas também é de dificílimo acesso. Procuro, portanto, através destas
fotos, conduzir o espectador a um mergulho nas especificidades desses espaçostempos.
Acreditando que a invisibilidade do que é realizado nesses espaços compõe a
visibilidade da rede, é que acredito na potência de que este trabalho
possa desinvisibilizar práticas tão peculiares e, ao mesmo tempo, tão legítimas
de emancipação.
A Dimensão Ambiental na Educação: Os Usos e suas
Traduções na Produção do Cotidiano Escolar
Rosinei Ronconi Vieiras
Mestre em Educação pela UFES/PPGE
“Nossas ideias sobre as coisas constroem as coisas”
Marisa Vorraber Costa
No cotidiano de uma escola existe uma infinidade de
práticas cotidianas tecidas numa rede de múltiplos espaços/tempos, ambientalmente
comprometidas, porém, nem sempre visibilizadas e reconhecidas.
A pesquisa, realizada numa escola pública de
Colatina, município a noroeste do ES, procurou problematizar as práticas
cotidianas em educação ambiental comprometidas com a aprendizagem e com a sustentabilidade/vida
que são realizadas pelos sujeitos que tecem/produzem o cotidiano em que estão
inseridos. Ao longo do percurso, provocados por outros movimentos, ocorre à
necessidade de problematizar os processos de formação e as racionalidades que
os envolvem. No processo de produção dos dados e inseridos com os sujeitos em seu cotidiano, percebe-se a realização de uma tradução se configurando num espaço
multifacetado, em que diferentes saberes e fazeres se entrecruzam e, muitas
vezes, são canibalizados.
Educações Ambientais Autopoiéticas entre Manguezais, Redes Cotidianas
Escolares e Práticas Pesqueiras
Soler Gonzalez
Doutorando UFES/PPGE
Os mundos da
lama dos manguezais da Baía de Vitória (ES) dá o tom desta pesquisa, com
inspirações cartográficas com os cotidianos e por meio das narrativas que foram
“pescadas” nas redes de conversações nos entre-lugares
da Educação Ambiental (EA) nas escolas e no Bairro da Ilha das Caieiras.
O desejo foi de navegar à montante das
correntezas-forças que tentam afogar a multiplicidade, o místico e a arte da
vida de quem vive com as marés. Percorrer os caminhos e afluentes no caos da
lama com os habitantes desses mundos e os sujeitos praticantes nas margens, deslocou experiências possíveis,
constituindo assim, em dispositivos para cartografar e problematizar as
práticas em EA, os acontecimentos
ambientais e os cotidianos escolares ao redor do Bairro Ilha das Caieiras,
cujo “calor cultural” é alimentado pelas Semanas Santas e os Turismos
Gastronômicos em áreas de manguezais, e que são, na atualidade, espaços de
controle e de vida, principalmente para os habitantes dos mundos da lama. A aposta aqui perpassa pelas Educações Ambientais autopoiéticas, dialogando com as ideias de Humberto
Maturana como inspiração ética-estética, com os enlaces da pesquisa narrativa
com as conversas, num movimento de sustentabilizar
e problematizar relações e experiências entre os seres vivos e os sujeitos praticantes nas margens.
Como a sabedoria do caos dos mundos da lama na Baia Noroeste de Vitória constitui os sujeitos
que vivem nas suas margens? Como as práticas do bairro Ilha das Caieiras
acontecem na atualidade? São questões em movimento que acompanhei no vai-e-vem
turbulento e diário das marés e com os acontecimentos
ambientais.
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